Labirintos sinistros perturbam o caminho dos que caminham
para Roma. À distante mirada, Roma é logo aqui (tão longe) naquele país que
serve de bota à Europa; que nem todos conseguem fazer entrar para prosseguir
caminho.
Roma, cidade perfumada pela H(h)istória, é o destino pontífice de todos os seres,
humanos, mortais. Ela, aqui tão perto e tão longe, faz brilhar nos contornos
destes caminhos os seus entretantos.
Hoje, quando te olho, Roma, nenhuma beleza poderá ser
compara a ti, nem as duas vizinhas Florença e Veneza! Porque tu és o caminho do
bom porto, o cintilante de todas emoções, mesmo quando adormeço e vejo (e ainda
que todos os dias) que tu não estás lá, que continuas além, distante demais;
quando sorrio, quando o meu olhar te ignora, quando me finjo desinteressado ou
mesmo distraído, até quando solto esta ou aquela lágrima, lembra-te que é por
ti que lamento, porque todos as vezes e mais algumas, me mostras os pórticos de
algo que jamais será meu…
A cada manhã e até mesmo quando acordo de noite, vislumbro
essa vela, termómetro de emoções que enlouquece e deixa para amanhã, tudo
aquilo que poderia ser hoje, neste preciso instante. Mesmo quando a contemplo
apagada eu sinto a cada instante o renascer de todos as sensações. O calor que
me afoga e o frio da espinha que me aperta.
És longe em diferente medida do que és longa, porque, se
porventura, os teus portões se abrirem serás a cidade mais explorada deste
planeta, e ainda que tenhas outros visitantes te possuam, acredita que nenhum
terá o misto de profundeza e sensibilidade que o meu toque , olhar ou até que
cada troca de sensações olfactivas.
E se um dia, e tendo em conta todo este atalho de jardins
que me dividem de ti, chegar a Roma, quero pernoitar aí todas as minhas noites,
por todas as estações do ano, sendo que no fim não restará espaço para o vazio
– eterno, eternamente! Senão chegar, dado que nem todos os caminhos vão dar a
Roma, podes perfeitamente refugiares-te na tua cela de grades. Mas lembraste-ás
que eu existi, que eu caminhei, mesmo que sombriamente, para o teu regaço, para
o teu recanto intemporal.