segunda-feira, 29 de abril de 2013

Dormi Contigo


Olho para cama e toda ela me parece conforto, quem sabe talvez a única capaz de consolar. Vejo-me no repasto dos seus lençóis, com a almofada a enxugar-me o cabelo e todos as minhas frustrações. Creio que só assim conseguirei pensar-me, ou mesmo esquecer-me.
Olho para a cama e, para mim, ela é um todo imóvel, não fala, ouve somente, quanto mais que não cochichará de nada sobre o quanto lhe tenho para dizer… Estará sempre ali, intacta, para mim, qualquer que seja a minha condição. Pode até não ter lençóis, sendo que ainda despida acolher-me-á.
Olho para cama e toda ela é uma abertura para o mundo próprio, onde esse mesmo mundo me desconhece e se perde.
Olho para a cama e toda ela é para mim o que preciso – o mais difícil e o mais profundo – paz!


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