segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Viagem Sem Retorno (Balanço)


"O tempo traz de tudo/ (ou quase tudo)/Tudo cria ou destrói/É esse o mal” é deste modo que em breves palavras que vos resumo o que tem sido a minha vida… Aliás, é o tempo, que vivemos inseparavelmente, que vem pousar nas feridas e dar ânimo à alma; é esse mesmo, o tempo, que nos leva para longe (por vezes de nós mesmos), nos torna distantes e saudosos de quem fomos outrora, de quem deixamos nas calçadas da vida; dos gestos às palavras, dos abraços às emoções, das conversas às lágrimas, mas com uma nostalgia conformista, saudável, que sou eu. Na verdade, tenho é saudade da minha infância, de quando as cores dos lápis de ceras eram puras e o meu traço era virgem. Julgo estar aí a dificuldade: no simples!
Oh(!) tempo antagónico, que trás de tudo, tem-me feito ver a vida como se ela fosse um prisma e eu a tivesse de observar pelos seus diversos ângulos. Essencialmente, penso que o sucesso da vida passa por isso, por sermos relativos e flexíveis, por sermos capazes de a alimentar e viver a nossa múltipla identidade. Aliás, não me quero definir, pois tudo aquilo que se define é limitado. Eu quero é viver o sol, e molhar-me na chuva, esperar a morte vivendo minuciosamente a vida, e aprender, em cada passo que dou, pois ela (a puta da vida) é feita de traços vermelhos que por vezes temos de ultrapassar, aí está a essência da vitória.
A Bíblia que mais preso é da vida pois ela é o meu Evangelho da Alma; diz-me o que eu tenho, ou devo, ou posso, ou sou obrigado, ou tento, ou não nada fazer: aprendo e excuto, como se fosse uma máquina, que na verdade sou, e gira em círculos profundos da ferrugem que, cravada na alma, a faz brotar como a flor que de manha saúda o dia (inspiração).
Apesar de ser um aventureiro questiono-me do que é a saudade (?). Só tem saudade aquele que viveu, portanto a saudade é prolongar e momento e desafiar o futuro. Não quero ser feliz nem lúcido, é feliz o doido que, no manicómio tem certezas (como Pessoa o afirmou, sendo que o seu maior medo era enlouquecer, isto é-me familiar, mas pronto). Eu, como não as tenho, às certezas e aliás duvido delas, sou infeliz com pitadas de felicidade. Pois ela (a puta da vida) não é para ser pensada, mas vivida, ou morta!
Despeço-me com a saudade da Inocência de quem vi ficar lá trás, no longínquo e que fez da saudade e das suas esperanças a sua (minha) impressão digital (identidade nula)!  


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