Um dia o mundo será exactamente igual ao hoje!
domingo, 27 de maio de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
sexta-feira, 11 de maio de 2012
De Olhos Virados ao Passado
Teremos um dia a ousadia de visitar o passado, de aguentar o
reencontro em que nada pode ser mudado? Talvez aí tenhamos a consciência, ultrapassada,
da inutilidade humana, deste planeta viscosamente imbecil.
Hoje somos preenchidos por tudo e completos por nada. Não
são materiais as carências humanas, estão além disso. Escasseiam os valores;
deitados ao abandono, adormeceram no passado!
Encontro-me asfixiado pela necessidade que, eventualmente,
há um “além” disto, um exemplo, eventualmente, de uma pró-pessoa actual.
Provetura num futuro próxomo diremos "eu era/fiz aquilo?".
Rui Veloso - Cavaleiro Andante
Porque sou o cavaleiro andante
Que mora no teu livro de aventuras
Podes vir chorar no meu peito
As mágoas e as desventuras
Sempre que o vento te ralhe
E a chuva de maio te molhe
Sempre que o teu barco encalhe
E a vida passe e não te olhe
Porque sou o cavaleiro andante
Que o teu velho medo inventou
Podes vir chorar no meu peito
Pois sabes sempre onde estou
Sempre que a rádio diga
Que a américa roubou a lua
Ou que um louco te persiga
E te chame nomes na rua
Porque sou o que chega e conta
Mentiras que te fazem feliz
E tu vibras com histórias
De viagens que eu nunca fiz
Podes vir chorar no meu peito
Longe de tudo o que é mau
Que eu vou estar sempre ao teu lado
No meu cavalo de pau
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Corpos
O
silêncio cai sobre a noite envergonhada e pulveriza os corpos com o odor
intenso das vontades; as cortinas de linho deixam antever, no entretanto dos
seus tecidos, este peculiar cair da noite.Da
visão que separa sonhos e realidades, estão corpos nus. Vibram com o brotar das
emoções, deslizam entre o físico ardente e o perceptível encarnar do sangue que
flutua nas mãos carregadas do possuir.
A
respiração vê-se seduzida pela quentura dos corpos, pelo escarne do divinal
pecado.
Suspendem-se
no “glamour” deste felino olhar que emana do silêncio, que quebra e enfeitiça
os corpos, que cuspe fogo e deixam-se murmúrios de si…
terça-feira, 8 de maio de 2012
Luz em Contrastes
Ainda que timidamente, o sol espreita aqui e ali. Sorri,
irónico, e enrola-se de novo com as nuvens. Escuro…
E vai assim alternado entre o claro e o escuro, neste jogo
de sombras, de contrastes. Mas ele nasce sempre, e amanhã, amanhã(?), amanhã é
um novo dia, talvez com sombras no entretanto, mas ele nascerá de novo, porque
ele nasce sempre!
segunda-feira, 7 de maio de 2012
"Mãe" - Miguel Torga
Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?
Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.
Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.
Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?
Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.
Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.
Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
Miguel Torga
sábado, 5 de maio de 2012
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Tudo É Foi
Porventura não tanto a vontade, mas eventualmente a necessidade que me
atirar, hoje, para as palavras. Ambiciono
que elas carreguem o suor do quanto quero que não seja meu.
Sinto-me como um derrotado. Mas a sê-lo, ainda que o fosse
pelas guerras, e não pela frustração. Persinto que dou passos efémeros e que
nada tem a capacidade de ser digno ao equivalente dos meus sonhos. É como se
estivesse à beira mar; o odor forte a invadir-me e que não molha-se. Fico pregado
às rochas, deitando sonhos em pedras e navegando na brusquidão dos ventos, por entre o solo.
Sou um livre prisioneiro de mim, como estas palavras que
descarto no papel e que lá fora, mesmo aqui ao lado da janela, não seguem
rumos, são inválidas, inúteis. Estou hoje carregado pelos sonhos, sufocado pelas
ambições e irrealmente vivo. As vitórias(!) fazem tombar as pálpebras e
deixam-se em caminho virado para o passado, do paladar amargo de olhar para trás
e de ver ao fundo (mas demasiado próximo) a vereda que aqui me deixou.
Aqui, à volta com os concepções, tenho dor, a garganta
presa, o sustentar da respiração.
De que preciso? Direi, que nem eu o sei. Eventualmente de
estar só, distante de tudo: deste papel sujo, deste bicho tecnológico, dos
livros que me contam tudo aquilo que nem sei se precisava de saber existir.
Escorre nesta chuva de Maio, onde até o Outono decide
visitar a Primavera, a saudade ingreme dos insignificantes da minha infância
(perdida).
Agora? O que há no agora? Tenho tudo, ou quase tudo… e nada encontro. Os meus braços são curtos e frágeis para albergarem as minhas aspirações.
Dentro de semanas termino aquilo a que se chama de Secundário. Sairei
de casa, irei para a faculdade. E daí? Trará a faculdade o jarro de onde preciso
de afogar a minha sede? Estarei condenado aos meus frágeis sonhos?
Quero sentir o parar. Respirar. Sorrir (fundo). E ousar
dizer “feliz”. Preciso de não precisar de dinheiro, de relógios, de telemóveis,
de net’s e de todo o nojo que me rodeia. Deixar, debaixo dos pés, vícios,
medos, ambições, sonhos, desenhos e até mesmo este asqueroso papel.
E aí, ficar assim:
- SÓ!
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