Porventura não tanto a vontade, mas eventualmente a necessidade que me
atirar, hoje, para as palavras. Ambiciono
que elas carreguem o suor do quanto quero que não seja meu.
Sinto-me como um derrotado. Mas a sê-lo, ainda que o fosse
pelas guerras, e não pela frustração. Persinto que dou passos efémeros e que
nada tem a capacidade de ser digno ao equivalente dos meus sonhos. É como se
estivesse à beira mar; o odor forte a invadir-me e que não molha-se. Fico pregado
às rochas, deitando sonhos em pedras e navegando na brusquidão dos ventos, por entre o solo.
Sou um livre prisioneiro de mim, como estas palavras que
descarto no papel e que lá fora, mesmo aqui ao lado da janela, não seguem
rumos, são inválidas, inúteis. Estou hoje carregado pelos sonhos, sufocado pelas
ambições e irrealmente vivo. As vitórias(!) fazem tombar as pálpebras e
deixam-se em caminho virado para o passado, do paladar amargo de olhar para trás
e de ver ao fundo (mas demasiado próximo) a vereda que aqui me deixou.
Aqui, à volta com os concepções, tenho dor, a garganta
presa, o sustentar da respiração.
De que preciso? Direi, que nem eu o sei. Eventualmente de
estar só, distante de tudo: deste papel sujo, deste bicho tecnológico, dos
livros que me contam tudo aquilo que nem sei se precisava de saber existir.
Escorre nesta chuva de Maio, onde até o Outono decide
visitar a Primavera, a saudade ingreme dos insignificantes da minha infância
(perdida).
Agora? O que há no agora? Tenho tudo, ou quase tudo… e nada encontro. Os meus braços são curtos e frágeis para albergarem as minhas aspirações.
Dentro de semanas termino aquilo a que se chama de Secundário. Sairei
de casa, irei para a faculdade. E daí? Trará a faculdade o jarro de onde preciso
de afogar a minha sede? Estarei condenado aos meus frágeis sonhos?
Quero sentir o parar. Respirar. Sorrir (fundo). E ousar
dizer “feliz”. Preciso de não precisar de dinheiro, de relógios, de telemóveis,
de net’s e de todo o nojo que me rodeia. Deixar, debaixo dos pés, vícios,
medos, ambições, sonhos, desenhos e até mesmo este asqueroso papel.
E aí, ficar assim:
- SÓ!
Eu acho realmente impressionante o teu talento. Essa forma de brincares com as palavras, gostei imenso! Boa sorte para a faculdade, sê feliz :)
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