quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Passaporte


A vida passava-me como cada passada mas no meu pensamento fazia a certo do incerto, o simples do complexo (não queria pensar muito nisso).
Depois de alguns instantes de hesitação levantei a cabeça e levei por diante o passo, com firmeza. Nas mãos carregava duas tiras: estavam perfeitamente em boas condições, límpidas e reluzentes, com uma coração nítida, forte e viva. Agarrava-as com firmeza, pois eram alas a proposição entre um agora e um depois; um até já, talvez!
A chegada fora intensa, passagem físico-psicológica de um eu para um tempo pessoal de segunda pessoa do plural – nós. Não iria ousar outro desfecho. As equações estavam processadas e os resultados encontrados, mesmo não possuindo a certeza das minhas próprias interrogações.
Sentei-me, estava frio. Passei as faces da mão uma na outra. Levantei as golas do casaco, (apesar de não ser meu tinha um apresso especial por ele) aquele odor era dupla fonte de tranquilidade na noite gélida.
Saquei do telemóvel e enviei as últimas mensagens e troquei correspondência com os rascunhos.
Peguei nas fitas e teci a morte na vida, num processo de (dis)junção, como quem compara a transfiguração do (des)enlace de umas almas para com outros corpos.
Concentrei-me em mim. Fechei os olhos. Comprimi as mãos.
Dei o impulso e entreguei-me ao DESTINO.

P.S.: Achei por bem escrever na 1.ª pessoa.



2 comentários:

  1. meu deus, amei o texto, a maneira como escreves :o
    vou seguir (:

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  2. seguirei continuamente. nas palavras o lupo da emoção que só alguns o tem. o dom. ella

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